O que é o Transtorno do Espectro Autista-TEA?
O Transtorno do Espectro Autista – TEA – é considerado um Transtorno do Neurodesenvolvimento, segundo o DSM V, caracterizado pela dificuldade persistente na interação social e na comunicação e pela presença de padrões restritos e repetitivos do comportamento, interesses e atividades1.
Qual a prevalência do Transtorno do Espectro Autista-TEA?
A prevalência nos Estados Unidos é de 1:59 2
Estima-se que no Brasil existe uma prevalência de 27:10.000.
É mais frequente em meninos, numa relação de 4:1.
Qual a etiologia do Transtorno do Espectro Autista-TEA?
As causas exatas do TEA ainda não foram completamente esclarecidas. Sabe-se que é um transtorno multifatorial, com importante influência genética. Somente cerca de 10% das causas genéticas são conhecidas. Atualmente, o maior foco das pesquisas é a identificação de interações específicas entre os genes e o ambiente3.
Quais os fatores de riscos conhecidos para o Transtorno do Espectro Autista-TEA?
Ter um irmão com TEA4;
História familiar de distúrbio psiquiátrico (esquizofrenia, psicose,
transtornos de humor, etc.)4;
Idade materna ou paterna > 40 anos4;
Peso ao nascer < 2.500g 4;
Prematuridade (IG < 35semanas)4;
Necessidade de internação em UTI neonatal 4;
Uso de Ácido Valproico4;
Malformações congênitas 4;
Uso de álcool ou drogas na gravidez4;
Quando suspeitar de Transtorno do Espectro Autista-TEA?
Atraso em adquirir o sorriso social
Pouco interesse pela face humana
Pouca ou nenhuma vocalização
Olhar não sustentado ou ausente
Não olha quando chamado pelo nome
Não faz gestos para pedir colo
Não imita adultos
Ausência de gestos de apontar ou dar tchau com 12 meses
Intenso foco em rodas ou objetos que giram
Atraso de linguagem verbal ou não verbal
Déficit na interação social (prefere ficar sozinho)
Interesses repetitivos/restritos
Brincar “diferente”
Estereotipias
Hiper ou hiposensibilidade sensorial (Restrições alimentares, rejeição a determinadas texturas, medo / incômodo com barulhos)
Dificuldade de sair da rotina
Alterações de marcha
Andar na ponta dos pés
Alterações de tônus e equilíbrio
Apego incomum a objetos
Perda de linguagem adquirida ou de habilidade social em qualquer idade – 25% dos casos.
Como é realizado o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista-TEA?
O diagnóstico é clínico, ou seja, feito através de observação nas consultas e do relato do comportamento da criança (sob o olhar dos pais, da escola e de outros profissionais), levando em consideração os critérios diagnósticos estabelecidos pelo DSM V 1.
Exames não são necessários para o diagnóstico.
A partir de qual idade é possível fazer o diagnóstico de TEA?
Não existe idade mínima estabelecida. As manifestações podem estar presentes entre 9 e 12 meses, ou até mesmo antes, e vão se tornando mais evidentes a partir do segundo ano de vida.
Quais as principais comorbidades presentes no Transtorno do Espectro Autista-TEA?
TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade)- 75%
Distúrbios alimentares – 75%
Distúrbios de sono – 50-80%
Deficiência intelectual – 30%
Transtorno de ansiedade (generalizada e fobias) – 40%
Transtorno depressivo – 1-20%
Epilepsia – 5-40%
Em que consiste o tratamento da criança com o Transtorno do Espectro Autista?
O tratamento baseia-se na intervenção precoce e exige uma abordagem multidisciplinar, ou seja, terapias com fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, psicólogo, fisioterapeuta, psicopedagogo, etc. As atuais evidências mostram que quanto mais cedo a criança iniciar o tratamento, melhor será o seu prognóstico.
É necessário utilizar medicamento no tratamento da criança com Transtorno do Espectro Autista?
Nem todas as crianças necessitam de medicação. Quando bem indicado por neuropediatra ou psiquiatra infantil, o tratamento farmacológico é direcionado às comorbidades e pode facilitar as intervenções nas terapias, auxiliar no desenvolvimento escolar da criança, além de melhorar certos comportamentos graves (como agressividade).
Referências:
1.AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5.ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
2.Baio J, Wiggins L, Christensen DL, et al. Prevalence of autism spectrum disorder among children aged 8 years – autism and developmental disabilities monitoring network, 11 sites, United States, 2014. MMWR Surveill Summ. 2018;67(6):1–23
3.Montenegro, Maria Augusta. Transtorno do Espectro Autista – TEA: Manual prático de diagnóstico e tratamento. 1. Ed. Rio de Janeiro – RJ: Thieme Revinter Publicações, 2018.
4.Rodrigues, Marcelo Masruha. Tratado de Neurologia Infantil. 1.ed – Rio de Janeiro : Atheneu, 2017.
Dra. Sarah Pinheiro – CREMEC 14492
Neuropediatra do Espaço Estímulos
Formada pela Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF
Residência Médica em Pediatria pelo Hospital Universitário Walter Cantídio – UFC;
Residência Médica em Neuropediatria pelo Hospital Universitário Oswaldo Cruz – FCM/UPE;
Membro titular da Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil;
Neuropediatra do NAMI-Núcleo de Atenção Médica Integrada/UNIFOR, Hospital Infantil Albert Sabin e APAE/Fortaleza.
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